O Meu Vizinho Totoro/My Neighbor Totoro/Tonari no Totoro - となりのトトロ (1988)
Origem: Japão
Duração aproximada: 86 minutos
Realizador: Hayao Miyazaki
Vozes das personagens principais (versão original/japonesa): Noriko Hidaka (Satsuki), Chika Sakamoto (Mei), Shigesato Itoi (Tatsuo Kusakabe), Sumi Shimamoto (Yasuko Kusakabe), Hitoshi Takagi (Totoro), Toshiyuki Amagasa (Kanta), Machiko Washio (Sensei), Reiko Suzuki (Rôba), Shigeru Chiba (Kusakari Otoko)
“Mei brinca com Totoro”
Sinopse
“Satsuki”, de 7 anos, e a sua irmã “Mei”, de 4, mudam-se conjuntamente com o pai para o Japão rural, de forma a estarem mais perto do hospital onde a mãe permanece, com uma doença do foro pulmonar. A casa para onde vão viver é vista pelos habitantes locais, como estando assombrada. Na realidade, a moradia está infestada por espíritos da floresta, que retornam a uma árvore gigantesca das proximidades, quando a família vem habitar a residência.
“Mei, Satsuki, Totoro e os restantes espíritos da floresta”
As irmãs começam a explorar o novo mundo que se lhes depara e que para elas é desconhecido. Acabam por conhecer “Totoro”, uma espécie de felino gigantesco, com poderes especiais, mas tremendamente preguiçoso. Juntos, irão viver maravilhosas aventuras.
“Totoro toca flauta”
“Review”
Para muitos considerada a obra-prima de Miyazaki, “O Meu Vizinho Totoro”, doravante apenas “Totoro” é muito provavelmente o grande responsável pela internacionalização das longas-metragens de animação japonesas, considerando a excelente recepção crítica que teve a nível global. A própria personagem “Totoro” é de uma notoriedade assinalável, não sendo à toa que constitui o símbolo dos estúdios Ghibli, assim como detém uma popularidade entre as crianças do Japão, praticamente sem par (bem...talvez Doraemon seja um concorrente a ter em conta). Consta que esta obra é muito especial para o mestre Miyazaki, pois existe um segmento do argumento considerado autobiográfico. Acontece que o grande mestre e os irmãos quando eram crianças, a progenitora sofria de uma tuberculose muito agravada, fazendo com que a mesma estivesse muitas vezes hospitalizada. Em “Totoro”, e-nos induzido que a mãe de “Mei” e “Satsuki” padece do mesmo mal. Miyazaki confessaria que se os protagonistas desta longa-metragem fossem dois rapazes, tal seria uma dor bastante forte para si, devido às memórias dolorosas.
É certo e sabido que as crianças têm uma imaginação fértil, o que não é necessariamente negativo, muito pelo contrário. Por outro lado, também se costuma dizer que as crianças não mentem e relatam quase fielmente tudo o que vêm. Verdade seja dita, nem sempre é bem assim. Vem isto a propósito dos denominados “amigos imaginários” que povoam a meninice de muitos, que não a minha, e que são fruto da nossa percepção da realidade à altura, aliada à nossa imaginação. Se “Totoro” é um amigo imaginário, não cabe aqui tomar posição acerca desse aspecto. Até porque descobrimos na música do epílogo que o rei da floresta apenas se mostra a crianças e nunca a adultos. O que efectivamente se poderá desde logo avançar é que se trata de uma obra fundamental para qualquer cultor de cinema de animação, sendo de visionamento absolutamente obrigatório.
“Repousando”
O filme é de curta duração, pouco mais de 85 minutos, mas faz um excelente aproveitamento do tempo disponível. A animação é bastante aceitável e agradável à vista, o que não é necessariamente novidade no que toca a uma obra de Miyazaki, mesmo que a mesma remonte a 1988, indo presentemente a caminho de um quarto de século. Independentemente dos aspectos técnicos, quase irrepreensíveis, o que fará com que elejamos “Totoro” como um expoente máximo da animação, ou “apenas” como uma grande obra, será unicamente a nossa permeabilidade aos contos ditos mais infantis ou virados para as crianças. “Totoro” configura-se e demonstra-se claramente como uma apelativa história direcionada para os mais novos, imbuída de uma aura tocante que a todos contagia e não deixará certamente ninguém mergulhado na indiferença. A magia que norteia as aventuras das irmãs “Satsuki” e “Mei”, transporta-nos de nova para a infância e traz à mente aquelas saudosas memórias campestres, onde as brincadeiras e os odores misturavam-se dando origem a que sonhássemos acordados. Para quem teve a feliz oportunidade de beneficiar das maravilhas do mundo rural, é claro.
“Totoro” equilibra de uma forma espectacular, à falta de melhor expressão, a fantasia com a realidade. Trata-se de um extraordinário e maravilhoso conto, extremamente tocante, e que todos os pais deveriam de visionar em conjunto com os filhos, de forma a melhor absorverem a sua bela mensagem.Apostando na recorrente simbiose e relacionamento entre o homem e a natureza, neste caso entre a inocência das crianças e a sua interacção com o meio envolvente, Miyazaki constrói uma obra maior do cinema de animação, que com certeza perdurará pelos tempos e ecoará pela eternidade. Sinceramente, só não consta no topo das minhas obras preferidas, pois não sou muito atreito a um estilo de animação marcadamente infantil, de que “Totoro” quase de certeza é o expoente máximo, sendo rei e senhor.
Imperdível!
“Alegria”
8.2 em 10 (34.872 votos) em 20 de Fevereiro de 2011
Outras críticas em português:
Avaliação:
Entretenimento – 8
Animação – 8
Argumento – 8
Banda-sonora – 8
Emotividade – 9
Mérito artístico – 9
Gosto pessoal do “M.A.M.” – 8
Classificação final: 8,29